Reflorestamento, proteção de áreas de preservação ambiental, reutilização de resíduos de poda, controle da Febre Maculosa, instalação de totens de energia solar, práticas de compostagem, minhocário, separação e coleta de resíduos sólidos, manejo, monitoramento e conservação da fauna silvestre.
Essas são algumas das ações que o Campus Luiz de Queiroz, da USP em Piracicaba (SP), passou a implementar de forma contínua e integrada a partir de uma denúncia feita em 2003 que apontava necessidades de adequação ambiental nas áreas externas utilizadas nas práticas de ensino, pesquisa e extensão. A denúncia motivou a instalação, em fevereiro de 2004, do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), inquérito 21/2003 – Meio Ambiente.
Após quase duas décadas de trabalho intenso, que envolveu cerca de 1.000 pessoas entre professores, servidores técnico-administrativos e estudantes, o Conselho Gestor do Campus Luiz de Queiroz celebrou o encerramento do TAC em evento educativo realizado na manhã desta quarta-feira, 22 de junho de 2022, no Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da Esalq. Na oportunidade, estiveram presentes gestores do campus e representações universitárias e do Ministério Público do Estado de São Paulo.
“Essa reunião marca não somente o encerramento do TAC, mas relata as melhorias significativas de adequação ambiental promovidas no campus. Agora podemos afirmar que temos um modelo de gestão socioambiental compatível com a nossa excelência acadêmica”, destacou o diretor da Esalq e presidente do Conselho Gestor do Campus, professor Durval Dourado Neto.
Para o Promotor de Justiça e membro do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público do Estado de São Paulo, Ivan Carneiro Castanheiro, o desenvolvimento das ações apontadas pelo TAC motivou a atuação da comunidade da USP em Piracicaba em várias frentes. “É necessário ressaltarmos a dedicação interna ocorrida no Campus Luiz de Queiroz para que esse trabalho resultasse em uma oportunidade para aperfeiçoamentos importantes. Hoje encerramos juridicamente esse processo, mas com a certeza de que vimos surgir aqui um exemplo de gestão ambiental e de processos educativos”.
Gestão Ambiental – A Universidade de São Paulo esteve representada pela Assessora Técnica da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA), a professora Tamara Maria Gomes Aprilanti. A docente representou a superintendente da SGA, professora Patrícia Faga Iglecias Lemos e destacou o pioneirismo da Esalq no desenvolvimento do Plano de Desenvolvimento Socioambiental. “Os desafios referentes à adequação ambiental propostos foram vencidos pela competência e persistência do corpo técnico e transformou o campus em um laboratório vivo e envolveu a comunidade”.
O prefeito do campus USP Luiz de Queiroz, professor Roberto Arruda de Souza Lima celebrou o cumprimento do TAC e suas consequências. “Fomos além das diretrizes solicitadas pelo Termo e as contribuições no ensino, na pesquisa e na extensão superaram nossas expectativas e promoveram um diálogo dinâmico e produtivo entre Universidade e Ministério Público”.
Contexto – O panorama do processo desencadeado desde a denúncia ocorrida em 2003 até os dias atuais foi apresentado pelos professores Miguel Cooper (departamento de Ciência do Solo) e Ricardo Ribeiro Rodrigues (departamento de Ciências Biológicas).
Cooper explicou a formulação e a dinâmica do Plano Diretor Socioambiental e lembrou que as ações em gestão ambiental na USP em Piracicaba motivaram as políticas ambientais da Universidade como um todo. “Hoje as ações são norteadas por um Plano adequado às Políticas Ambientais da USP, com a próxima revisão agendada para 2026. Fechamos uma etapa, concluímos as exigências do Ministério Público e a ideia é que daqui adiante possamos manter o que fizemos e resolver algumas das questões ainda pendentes. A criação de uma seção específica de gestão ambiental, ligada à prefeitura do Campus, será um braço executivo que facilitará a implementação das próximas ações”.
O professor Ricardo Rodrigues mapeou as iniciativas, lembrando que as ações foram alocadas em três frentes: 1) recuperação das áreas consideradas de preservação permanente; 2) implantação de sistema integrado gerenciamento de resíduos químicos; 3) implantação de sistema de tratamento de esgoto sanitário. Para o docente, a comunidade universitária soube fazer bom uso do TAC. “Nada foi desenvolvido e deliberado em caráter punitivo e o que vimos no final foi o aumento da produtividade agrícola do campus, concomitante com o aumento das áreas de floresta. Formamos lideranças ambientais que hoje atuam em vários órgãos de nível nacional e internacional, desenvolvemos nosso papel de forma consciente, promovemos uma mudança conceitual e hoje podemos afirmar que somos uma referência agrícola e também uma referência ambiental”, conclui.
O evento contou, ainda, com apresentação do engenheiro agrônomo Carlos Perez, que falou sobre a experiência de controle e combate à Febre Maculosa no campus; apresentação do Químico Arthur Roberto Silva, do Serviço de Gerenciamento Ambiental e resíduos Químicos, que dimensionou o tema e abordou a gestão, a caracterização e o tratamento dos resíduos; com exposição dos grupos de extensão ambiental do Campus, plantio comemorativo de árvore e tour pelo campus. No âmbito da USP, o campus Luiz de Queiroz está incluído entre as reservas ecológicas da USP.
Texto: Caio Albuquerque (22/06/2022)