O mês de dezembro foi marcado pelo bom volume de chuvas na região do MATOPIBA e no Centro Oeste do Brasil, com volumes na faixa de 200 mm no norte do Mato Grosso, noroeste do Goiás e boa parte dos estados de Tocantins, Maranhão e Piauí (Mapa 1). Como consequência das chuvas, a umidade do solo subiu nessas regiões (Mapa 2), assegurando o bom desenvolvimento das lavouras e assegurando condições favoráveis para os cultivos mesmo que ocorram interrupções momentâneas das chuvas nos próximos dias. As temperaturas máximas oscilaram na faixa dos 26ºC em Minas Gerais e alcançaram 35°C no Mato Grosso do Sul. As mínimas, por sua vez, mantiveram-se com valores entre 15 e 17°C na região sul do país (Mapa 2).
O tempo e a agricultura brasileira
No Estado do Paraná, o milho tardio está em fase de floração e sofreu com a falta de chuvas em boa parte de dezembro, com possibilidade de perda expressiva de produtividade. A produção de milho para silagem no Estado do Rio Grande do Sul a perspectiva é melhor por conta da chuva regular e em bom volume até o momento.
No Mato Grosso, as chuvas ocorreram em volumes elevados, favorecendo o desenvolvimento das lavouras e indicando condições favoráveis para a semeadura da segunda safra e aumento da área de milho e algodão no Estado. Em solos pesados da região de Sorriso, contudo, foram identificados pontos de alagamentos decorrentes da chuva intensa e contínua ao longo de dezembro, mas sem maiores danos às lavouras de soja.
As chuvas intensas observadas no Vale do São Francisco, calcula-se que as perdas na produção de uva podem chegar a 40%, com efeito negativo também sobre a qualidade do produto.
No Sul de Minas Gerais, devido às ótimas condições meteorologicas que proporcionaram boas floradas e à bienalidade positiva, a produtividade deve ser uma das maiores produções já registradas no Estado. Também em Minas, na região de São Gotardo, a semeadura das áreas de cenouras ocorreu satisfatoriamente ao longo do mês de dezembro, mesmo sob tempo chuvoso.
Projeção safra cana-de-açúcar 2019/20
O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC), desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), indica o efeito isolado do clima nas culturas. Em boa parte do Mato Grosso do Sul e do Paraná, por exemplo, as projeções de CPC indicam possibilidade de perda de acima de 5% na safra que será colhida em 2019. Nos demais Estados, as projeções indicam que as condições do tempo observadas até dezembro apontam que a safra 2019/20 oscilará entre a estabilidade e perdas de até 3% na maioria das regiões.
O Sistema TEMPOCAMPO conta agora com uma nova funcionalidade que permite estimar a produção total da cultura, baseado nas áreas de produção projetadas pelo IBGE e CONAB e no mapa de solos no Brasil, permitindo assim estimar a produção total da cultura em uma dada região
Baseado nessa nova abordagem, o Sistema TEMPOCAMPO prevê que a produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro deverá ficar entre 576 e 602 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente.
A safra de soja no Paraná
As projeções de safra feitas pelo Sistema TEMPOCAMPO apontam queda na produtividade para a safra 2018/19 no Estado do Paraná em relação à safra passada, principalmente na região noroeste do Estado. Esta projeção de queda baseia-se principalmente na falta de chuva e ao frio que afetou as lavouras. Outro fator é a alta incidência de ferrugem asiática, que devido ao clima favorável ao desenvolvimento do fungo e a presença de soja voluntária, apresenta rápida disseminação nas áreas do estado, com cerca de um novo foco da doença por dia. O Sistema TEMPOCAMPO prevê que a produção de soja no estado do Paraná deverá ficar entre 16,4 a 19,2 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. Para saber mais sobre essa metodologia de cálculo, entre em contato conosco em tempocampo.esalq@usp.br.