A tarde de 17/03 está marcada como um momento de plena integração entre as três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp, setores do governo estadual e a classe empresarial ligada ao tema bioenergia. No Salão Nobre da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), foi realizado o “Fórum sobre Bioenergia no Brasil: Integração Universidade - Empresa”.
Com a presença de autoridades acadêmicas, políticos e representantes do setor produtivo, docentes, pesquisadores, funcionários e estudantes das três universidades assistiram o presidente da Fapesp, professor José Goldemberg, proferir a Aula Magna “A importância dos setores de Energias Renováveis para o desenvolvimento do Brasil”, que marcou o início do semestre letivo da ESALQ em 2016, da Graduação e da Pós-Graduação. Também foi celebrado o Programa de Pós Integrado de Doutorado em Bioenergia, gerenciado por ambas as universidades e coordenado atualmente pelo professor do Departamento de Genética da ESALQ, Carlos Alberto Labate.
Na abertura do evento, o diretor da ESALQ, professor Luís Gustavo Nussio, saudou os presentes e lembrou que a iniciativa do programa de Bioenergia é um caso de êxito. “A partir dessa iniciativa podemos perceber demandas da sociedade e, em conjunto com as empresas, poderemos reverter nosso conhecimento em bens para o nosso povo”.
Nussio compôs a mesa central do evento, que teve ainda as presenças do reitor da USP, Marco Antonio Zago; do Reitor da Unesp, professor Julio Cezar Durigan; do vice-reitor Executivo de Relações Internacionais da Unicamp, professor Luiz Augusto Barbosa Cortez; do Presidente da Agência USP de Cooperação Nacional e Internacional, professor Raul Machado Neto; do Subsecretario de Energias Renováveis Antonio Celso de Abreu Junior, representando o Secretário Estadual de Energia, João Carlos de Souza Meirelles; da Secretária Estadual de Meio Ambiente, Patricia Iglecias; do Secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim; do Professor José Goldemberg e do coordenador do Programa Integrado de Doutorado em Bioenergia, Carlos Alberto Labate.
A cerimônia contou com apresentação do professor Raul Machado Neto, que falou sobre Bioenergia e Sustentabilidade nas Relações Internacionais da USP e na sequência, o reitor da USP mencionou a importância do tema discutido no evento e apontou a união entre universidades e empresas como alternativa para outras áreas. “A qualidade das pessoas que estão aqui presentes mostra que o assunto é essencial para a economia de São Paulo e do Brasil. Além disso, esse tipo de cooperação estimula outras áreas a identificarem competências complementares que possam ser traduzidas em benefícios para a sociedade”, disse Zago.
Na mesma linha, o reitor da Unesp ilustrou os desafios a serem transpostos pela academia e o setor privado. “As universidades públicas sempre foram vistam com certo distanciamento pela população, mas essa iniciativa evidencia que somos capazes de retornar nosso conhecimento na forma de soluções para as demandas sociais”.
A palestra do professor Goldemberg foi apontada pelo professor Cortez, da Unicamp, como emblemática para o tema em questão. “Os esforços que as universidades paulistas estão aqui demonstrando, aliada à presença do professor Goldemberg, mostra que o binômico energia-meio ambiente deve estar sempre entre as nossas prioridades”.
Secretários – A secretária estadual de Meio Ambiente destacou a união entre as esferas agrícola e ambiental e lembrou ser fundamental o papel das universidades no atendimento das demandas de governo. “A nossa Secretaria tem relação direta com a de Agricultura e é uma satisfação que essa aproximação esteja em discussão em um lugar como a ESALQ, uma escola que se destaca por seus processos inovadores”.
Diante de pesquisadores e demais membros da comunidade científica, Arnaldo Jardim frisou que a conjugação de esforços em prol das necessidades da agricultura favorecerá diretamente o produtor rural paulista. “Quem ganha com essa união entre governo, academia e empresas é o povo paulista. Na agricultura, particularmente, temos demandas urgentes. Em áreas como conservação de solos, mecanização e utilização de resíduos da agricultura ainda temos muito que avançar. Assim é fundamental que empresas e universidades olhem para essas demandas do campo”.
Aula – Goldemberg traçou o panorama do uso de fontes renováveis no Brasil e no mundo, a partir de um resgate histórico desde a revolução industrial e abordou também o consumo mundial de energia. Lembrou ainda de um equívoco conceitual que boa parte dos estudiosos cometem nessa área. “As pessoas de maneira geral, e os governos em particular se acostumaram com a ideia de que o Produto Interno Bruto está diretamente ligado com o consumo de energia, ou seja, dizem que os mais pobres consumem menos energia, mas essa ideia não se aplica em todos os casos”. O presidente da Fapesp alertou ainda sobre os riscos de limitação da matriz energética.
Após a aula de Goldemberg, o professor Labate explicou em detalhes o funcionamento do programa de Bioenergia, frisando a necessidade da aproximação com empresas que possam inclusive financiar bolsas de estudos. “Essa sinergia é fundamental para que o Brasil lidere o processo produtivo da bioenergia”.
Mesa redonda – Finalmente, encerrou o evento uma mesa redonda com representantes do setor produtivo ligado ao tema bioenergia. Com moderação do Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Correa Carvalho, participaram das discussões Arnaldo Jardim, Secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, Antonio Celso de Abreu Junior, Subsecretário de Energias Renováveis, José Goldemberg, Presidente da FAPESP, Fernando Figueiredo, Presidente da ABIQUIM, Alan Bojanic – Representante da FAO no Brasil, Jaime Finguerut – Assessor de Tecnologia do CTC e Antonio Alberto Stuchi – Diretor de Inovação da Raízen.
Texto: Caio Albuquerque (17/03/2016)