Em diferentes formatos, tamanhos e cores, às vezes venenosas, outras inofensivas, as plantas possuem diferentes características e utilidades. Foi essa diversidade de aspectos existentes entre elas que motivou Alisson Henrique Domingos, estudante do curso de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) e integrante do Grupo de Estudos “Walter Accorsi” a aprofundar sua pesquisa em uma área pouco explorada, mas que muito pode surpreender e contribuir com a saúde e o dia-a-dia da população. “Dediquei-me a avaliar espécies vegetais de potencial medicinal, condimentar e aromático”, contou o pesquisador. Além disso, o estudante ainda atua em um projeto educacional e compartilha os resultados da pesquisa com alunos do Ensino Médio, com a finalidade de ressaltar a importância de inserir temas ligados à área ambiental na grade acadêmica das escolas.
A pesquisa, orientada pelo professor Lindolpho Capellari Jr. do Departamento de Ciências Biológicas da ESALQ, foi realizada na região de São Pedro, interior de São Paulo, por ser um local de grande biodiversidade, composto por Florestas Estacionais Semideciduais (Domínio da Mata Atlântica) e por fragmentos de Cerrado. “Analisei as áreas de remanescentes florestais, parques, jardins e áreas de cultivo da região”, contou Domingos.
De acordo com o estudante, foram registradas na região 210 espécies que são potencialmente medicinais, condimentares e aromáticas. “Em área úmida, na qual se localiza remanescente florestal, encontramos plantas medicinais típicas dessa fisionomia, como a flor-da-paixão, mamãozinho-do-mato e o caçaú-pequeno, popularmente considerada diurética, sedativa e estomáquica, podendo, de acordo com a literatura, contribuir para o tratamento de asma, febres, males do estômago, entre outras disfunções”. Já nas áreas urbanas, Domingos contou que registrou dados de plantas como o jaracatiá, que possui importância cultural à região analisada, além de diversas espécies medicinais que são utilizadas na ornamentação, como o figo-da-índia, boldos e a babosa.
Em áreas mais baixas da paisagem, onde predominam fragmentos de Cerrado, encontraram espécie conhecida por mamica-de-cadela, planta medicinal nativa do Brasil, de importância aos ecossistemas. Nas áreas próximas aos rios e lagos depararam-se com sangra-d’água e, em regiões mais secas o mandacaru, típico do semiárido da Caatinga. “Notamos também a presença de diversas plantas medicinais que são tradicionalmente cultivadas pelos moradores”, disse o estudante.
Após a coleta de dados das espécies, etapa na qual registrou o hábito de cada planta e detalhes de caule, folha, flores e frutos, o esalqueano concluiu que a região, apesar de apresentar forte potencial em espécies medicinais, condimentar e aromática, ainda é pouco explorada pela população. “É necessário apresentá-las aos moradores, para que possam compreender a importância de se preservar esse patrimônio biológico ao que eles têm acesso”. Assim, as pessoas poderão se inteirar sobre a utilidade e benefícios que essas plantas podem oferecer ao ser humano em diferentes situações do cotidiano.
Extensão – Com o objetivo de apresentar a alunos de Ensino Médio as peculiaridades da flora regional em São Pedro, o grupo que desenvolveu a pesquisa decidiu unir-se com a Escola Técnica Estadual “Gustavo Teixeira”, para conscientizar os jovens sobre a importância de se preservar a biodiversidade, além de levar às salas de aula conhecimentos sobre botânica. “Achamos importante essa atividade, visto a carência da população por educação na área ambiental”.
Com o acesso a essas informações, a população é incentivada a cultivar plantas medicinais, condimentares e aromáticas, o que poderá diversificar e aumentar a renda das comunidades rurais. “Queremos que compreendam o imenso potencial vegetal da região em que vivem e as muitas possibilidades que as espécies oferecem”, finalizou Domingos.
Texto: Ana Carolina Brunelli
Revisão: Caio Albuquerque (27/09/2016)