Após participação em operação do Projeto Rondon, ação extencionista que leva estudantes e professores universitários às regiões remotas do país, afim de capacitar comunidades carentes no exercício da cidadania, dois estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ) resolveram enfrentar um desafio: desenvolver atividades semelhantes aos moldes rondonistas em pontos estratégicos em Piracicaba e região. (ASSISTA).
O passo seguinte foi uma conversa com a professora Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ. “Participar do Projeto Rondon muda a vida dos alunos e um grupo me procurou para criarmos uma reprodução do Rondon, que é de extensão às comunidades, em Piracicaba e região e estamos começando a trabalhar”.
Assim nasceu o Grupo de Articulação Extencionista Marechal Rondon (GAER), que em 2017 tem colocado em prática o desafio de identificar, na primeira iniciativa, potencialidades de turismo rural no distrito de Tupi. “Nossa primeira ação foi uma visita ao distrito de Tupi para conversarmos com as lideranças e com o pároco, buscando verificar demandas socioeconômicas e ambientais locais. Identificamos que em uma das propriedades rurais locais, há uma demanda para tornar a área um atrativo de turismo rural e ecológico”, conta Rebeca Cristine Silva, estudante de Gestão Ambiental da ESALQ, uma das alunas envolvidas na iniciativa. “O [Projeto] Rondon é uma imersão que muda nosso olhar para as camadas menos favorecidas e, enquanto universitário, podemos atuar para melhorar uma demanda social”, complementa a futura gestora ambiental.
Segundo a professora Odaléia, a universidade pública, que tem como principal função gerar conhecimentos científicos, cultural e social para a sociedade brasileira, acaba muitas vezes não conseguindo retornar à esta o que ela mais necessita. “Nosso grupo busca estabelecer uma ponte entre a ESALQ e a comunidade da região para auxiliar em práticas de desenvolvimento sustentável”.
Em campo, o grupo visitou a chácara Catavento, propriedade de pouco mais de 1 alqueire de um engenheiro agrônomo. O produtor começou com o cultivo de hortaliças, passou pela intervenção da ESALQTec (incubadora tecnológica da ESALQ), que o auxiliou na produção de hidroponia. “Depois surgiu a oportunidade de plantar mirtilo e assim fizemos experimentos de adaptação dessa lavoura na região”, conta o dono da pequena gleba.
A partir da visita, os estudantes trabalham em um inventário das potencialidades de implantação da atividade de visitação e turismo no espaço rural na chácara. “Assim faremos um diagnóstico da situação com enumeração de todas as potencialidades e fragilidades locais, verificação de ameaças e oportunidades, elaboração de um projeto com sugestões de infraestrutura, divulgação, treinamento de mão de obra especializada”, explica a professora Odaléia.
Segundo a docente, pesquisadora em turismo, a atuação do GAER ajudará com informações importantes para o desenvolvimento local, enfatizando que “Essa questão do turismo rural é fundamental no mundo de hoje, pois oferece uma possibilidade de alternativa econômica para fixar as pessoas no campo, que além da produção agrícola, pode gerar renda complementar com esse serviço”.
Para o proprietário da chácara, o primeiro passo já foi dado. “Em contato com o pessoal da ESALQ, estamos nos capacitando nessa área, ampliamos nossa plantação de frutas vermelhas e agora estamos cultivando amora negra, framboesa e morango e a ideia é receber além dos nossos compradores usuais, quem sabe turistas para provarem essa produção aqui mesmo”.
Texto: Caio Albuquerque (22/08/2017)