A Sociedade Botânica do Brasil realizou, entre 8 e 10 de junho, a I Jornada Rio-São Paulo de Botânica, no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O tema da edição abordou ‘Botânica em espaços não formais: despertando a paixão pelas plantas’. Foi nessa ocasião que a aluna de Ciências Biológicas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Lygia Maria Barcellos Teixeira Mendes Protti, garantiu o segundo lugar pelo trabalho exposto.
Os alunos inscritos nas áreas temáticas botânica estrutural, fisiologia, biologia molecular e biotecnologia vegetal, história e coleções botânicas, participaram de palestras, minicursos sobre plantas medicinais e alimentícias não convencionais, cultivo e taxonomia de bromélias, entre outros, além de visitas monitoradas ao acervo de obras raras da Biblioteca Barbosa Rodrigues/JBRJ e ao projeto socioambiental do JBRJ.
Nesse ambiente, a aluna de graduação apresentou o trabalho ‘Identificação de duas espécies de Eugenia (Myreae, Myrtaceae) a partir de imagens de raio X de folhas’ na sessão Pôster, Área Temática Sistemática, florística e biogeografia de Espermatófitas. O trabalho foi realizado em conjunto com Helbert Moreira Pinto (Instituto de Ciências Matemáticas de Computação/USP), Gabriel de Assis Pereira (Esalq/USP), Natália Ferrarezi Mazzaro (UFSCar), Fiorella Fernanda Mazine Capelo (UFSCar), Karine Sampaio Valdemarin (Unicamp), Roseli Aparecida Romero (Embrapa Meio Ambiente), Mario Tomazello Filho (Esalq/USP), Cassio Augusto Patrocínio Toledo (Esalq/USP) e Vinícius Castro Souza (Esalq/USP).
Trabalho apresentado
Identificação de duas espécies de Eugenia (Myrteae, Myrtaceae) a partir de imagens de raio X de folhas
Myrtaceae é uma família que apresenta cerca de 5.000 espécies com distribuição tropical e subtropical. No Brasil, ocorrem em torno de 1.000 espécies e 23 gêneros, sendo Eugenia o gênero arbóreo mais expressivo e de maior riqueza da flora brasileira.
Introdução: Eugenia L. é o maior gênero da flora brasileira com cerca de 400 espécies. Devido a variação contínua de seus caracteres, apresenta dificuldade na identificação a nível específico. O padrão de nervação foliar pode apresentar valor taxonômico considerável para o grupo, de modo a facilitar a identificação de material estéril. Aliado ao uso de algoritmos de reconhecimento automatizada, o padrão de nervação obtido a partir de imagens de raio-X pode auxiliar na identificação de algumas espécies.
Objetivos: Investigar se os padrões de nervação foliar de Eugenia florida DC, e Eugenia paracatuana O. Berg são suficientemente distinguíveis por algoritmos de reconhecimento quando aplicados a imagens que evidenciam o caractere de interesse.
Material e métodos: folhas de E.florida e E. paracatuana depositadas na coleção do Herbáreo ESA e obtidas em expedições de campo foram expostas à radiação de intensidade 29kV por 15 segundos, gerando imagens raio-X digitais. O conjunto delas foi submetido a análises que utilizam a metodologia de redes complexas.
Resultados e discussão: Os resultados parciais mostraram que é possível estabelecer o reconhecimento e distinção das espécies de interesse com 99% de acurácia, dado promissor para a identificação baseada em características da morfologia vegetativa, de forma automatizada, por inteligência artificial. Para as etapas seguintes do projeto, o banco de dados será enriquecido com mais imagens a fim de atingir a melhor calibração do algoritmo desenvolvido.
Sociedade Botânica do Brasil
A Sociedade Botânica do Brasil é uma associação científica, cultural e educacional. Foi criada em 9 de janeiro de 1950 e é considerada uma associação civil sem fins lucrativos que congrega botânicos estudantes, profissionais, amadores e simpatizantes de todo o país e do exterior.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTb 32531 | 02.08.2023