AGROdestaque entrevista Walter Lazzarini, engenheiro agrônomo (F-1969)

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O engenheiro agrônomo fala da necessidade e dos desafios da preservação dos recursos naturais, nos dias de hoje.(Cr´dito: Divulgação)
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Atuação profissional

Engenheiro agrônomo formado em 1969, iniciei o trabalho profissional na PINUSPLAN Reflorestadora Ltda., na época dos incentivos fiscais para o reflorestamento, durante cerca de 10 anos.

Paralelamente ao trabalho como profissional, houve o envolvimento com a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP), entidade que presidi por dois mandatos, de 1976 a 1980; e com a Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (FAEAB), que presidi também por dois mandatos, de 1979 a 1983.

De 1983 a 1991, atuei como Deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, representando os engenheiros agrônomos, a agricultura e a defesa do meio ambiente, tendo sido presidente da Comissão de Meio Ambiente e vice-presidente da Comissão de Agricultura.

Ainda no exercício do mandato de Deputado Estadual, assumi a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, de dezembro de 1988 a janeiro de 1990.

No inicio de 1991, assumi a presidência da CETESB – então Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e atual Companhia Ambiental do Estado de São Paulo ­- até abril de 1993.

A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes do cargo que ocupa. Qual a importância para o mercado?

Em 1993, criei a Walter Lazzarini Consultoria Ambiental, empresa que atua exclusiva e ininterruptamente há mais de 20 anos na área ambiental, desenvolvendo trabalhos técnicos de Licenciamento e Regularização Ambiental de indústrias e propriedades rurais, no setor de Áreas Verdes, contemplando projetos de recuperação de áreas degradadas, projetos e execução de plantio de essências nativas, de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), entre outros; e na Investigação de Áreas Contaminadas, envolvendo contaminação de solo e água subterrânea.

A questão ambiental, ainda relativamente nova no Brasil, é da mais relevante importância, pois trata da melhoria de qualidade de vida da população e da preservação dos recursos naturais. Esta é uma área que pode e deve ser ocupada pelos engenheiros agronômicos, que têm um papel muito relevante na gestão de recursos hídricos e na ‘produção’ de água, essencial à vida e à agricultura, por meio do reflorestamento das cabeceiras dos corpos d’água e do entorno das Áreas de Preservação Permanente.

Este profissional tem o conhecimento amplo e eclético, o que permite sua participação na preservação de nossos ecossistemas, da flora brasileira, da fauna exuberante, de nossos recursos hídricos e do substrato da vida, o nosso solo.

Paralelamente ao trabalho profissional, a partir de 2005, assumi o cargo de presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente (COSEMA), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), com trabalho voluntário e não remunerado, cuja atribuição é dar suporte ao presidente da entidade no que diz respeito à questão ambiental. Neste cargo, temos tido a oportunidade de discutir meio ambiente entre os industriais, ampliando o nível de conscientização do setor com relação ao tema, e aproximando esta importante representação do setor privado com o setor público, para que os representantes de ambos somem esforços e compartilhem experiências no atendimento das necessidades da população, contribuindo com o desenvolvimento do país.

Quais os principais desafios deste setor?

Creio que o principal desafio seja a conscientização da necessidade de preservação dos recursos naturais, que são finitos. A crise hídrica, que momentaneamente passamos, o aquecimento global, a perda da biodiversidade, a contaminação do solo e dos aquíferos, a poluição do ar e a perda do solo são questões que exigem ação imediata, parte das quais pode e deve contar com a participação dos profissionais da Agronomia. Paralelamente, o trabalho de Educação Ambiental formal nas escolas deve ser implementado visando à preparação de futuros cidadãos mais conscientes e ativos na preservação dos recursos naturais e na melhoria da qualidade de vida. Não nos esqueçamos que quem precisa de proteção é a humanidade, que corre risco, e não o planeta que aqui está há milhões de anos e continuará por outros tantos.

Que tipo de profissional esse mercado espera?

O mercado necessita de um profissional eclético, com sólida formação, com capacidade de compreensão dos fenômenos naturais, da importância da preservação, estudo e exploração sustentável dos recursos naturais, no conceito de desenvolvimento sustentável.

Este profissional deve ter conhecimento sobre os recursos naturais – solo, fauna, flora, recursos hídricos –, sabendo como preservar a biodiversidade, proteger as nascentes e as Áreas de Preservação Permanente, recompor áreas degradadas e conservar o solo.

Os vastos, exuberantes e riquíssimos ecossistemas brasileiros se constituem em excepcional campo de trabalho produtivo, ambientalmente favorável, capaz de gerar conhecimentos, serviços e produtos extremamente úteis para a humanidade. Não podemos perder esta chance de atuação enquanto ainda nossos ecossistemas estão medianamente preservados. E este é um espaço que os profissionais de Engenharia Agronômica, em especial os jovens, devem ocupar.

Entrevista concedida a Alessandra Postali
Estagiária de Jornalismo

03/07/15