Atuação profissional
Sou engenheiro agrônomo, formado em 1993. Ainda neste ano, montei minha primeira empresa, um escritório de representação comercial que lançou a polpa cítrica politizada no mercado de nutrição animal no Brasil, antes 100% exportada, e que existe até hoje. Paralelamente, dava consultoria em nutrição animal para fazendas de produção de leite, atividade em que atuei por cerca de 10 anos. Nesse período, entre 1994 e 1998, fiz mestrado na ESALQ em Ciência Animal e Pastagens. No ano 2000, fundei a AgriPoint, empresa especializada em conhecimento para o agronegócio, com foco nos segmentos de leite e gado de corte. Hoje, a empresa tem forte atuação no segmento lácteo, com o principal portal do setor (www.milkPoint.com.br), uma revista especializada, diversos simpósios, a plataforma EducaPoint, de treinamento online (mais de 32.000 alunos treinados), e uma divisão de consultoria de mercado, em que damos palestras (foram mais de 200 em 18 países nos últimos 10 anos), realizamos estudos e temos um serviço de inteligência de mercado para a área de lácteos, entre outros. Em 2004/05, fiz um MBA na FIA/USP, chamado Executivo Internacional, em que tive a oportunidade de fazer cursos na Inglaterra, França e China.
A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?
Atuo em duas frentes. Uma, como empresário, em que preciso fazer com que a empresa cresça e seja rentável ao longo do tempo, fazendo um trabalho de qualidade, atraindo e mantendo as pessoas certas e dando oportunidade a elas para se desenvolver pessoal e profissionalmente.
A outra é como especialista no mercado lácteo. Preciso entender o que ocorre na produção, na indústria, no consumo, na economia, e com isso criar uma leitura do que está acontecendo e do que poderá vir a acontecer.
Quais os principais desafios desse setor?
Como empresário, o cenário econômico e os altos custos tributários e trabalhistas são os principais desafios. No segmento lácteo especificamente, há um processo de profissionalização em curso, tanto na produção quanto na indústria. Tivemos anos de forte crescimento na esteira do aumento da renda entre 2000 e 2014, e esse processo agora sofreu uma retração, gerando redução de preços e aperto de margens para todos os elos.
Porém, acredito que o Brasil é, acima de tudo e apesar de tudo, um país de oportunidades. São 200 milhões de pessoas e um nível geral de profissionalização e qualidade, baixo. Quem trabalhar com eficiência, conhecimento e ousar, tem grandes chances de ter sucesso. Se tiver perseverança e aprender com os erros e com o que vê à sua volta.
Que tipo de profissional esse mercado espera?
O mais importante é atitude: vontade de aprender, de realizar, ter paciência, mas um certo grau de inconformismo, porque conseguir algo relevante exige isso. Também, alguém que utilizou bem a Universidade, não só sendo bom aluno, mas procurando olhar para fora dos muros da instituição, entender o contexto econômico do país, saber ler jornal, buscar outras fontes de conhecimento, ter realizado algo digno de nota, fale inglês, escreva bem, saiba se comunicar e que tenha boa cultura geral, tudo isso faz com que esse profissional seja interessante para nós e para muitas empresas.
Entrevista concedida a Ana Carolina Brunelli, estagiária de Jornalismo
01/04/2016