Agrodestaque entrevista Caio Canella Vieira

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Engenheiro Agrônomo Caio Canella Vieira (acervo pessoal)
Editoria: 

Trajetória e atuação profissional

Sou formado em Agronomia pela Esalq na turma de 2017. Iniciei no Departamento de Genética com o professor Baldin desde o primeiro ano da graduação, em que trabalhei com resistência de soja ao complexo de percevejo e, posteriormente, com mapeamento associativo de lócus relacionados à produtividade de grãos em soja. Ambos os projetos foram financiados pelo CNPq (PIBIC). Em 2014 fui bolsista do Ciência sem Fronteiras na Universidade de Minnesota. Tive a oportunidade de fazer dois semestres de aula e um estágio com o professor Seth Naeve em sistemas de produção de soja. Ao retornar ao Brasil, fui monitor da disciplina Estatística Experimental sob orientação do professor Carlos Tadeu dos Santos Dias. No último semestre da graduação fui contratado como Visiting Scholar na Universidade de Purdue para trabalhar com melhoramento de soja com a professora Katherine Rainey. Durante a graduação fui membro da república No-Talo. A experiência de morar e interagir com pessoas tão diferentes foi essencial para entender a importância de diversidade e desenvolver minha capacidade de liderança e adaptabilidade em todas as diferentes posições que assumi até agora. Atualmente estou cursando o mestrado em melhoramento genético na Universidade de Missouri.

Fale um pouco sobre suas atribuições.

Iniciei o mestrado em Missouri em julho 2017, em melhoramento de soja com o professor Pengyin Chen. Minha pesquisa consiste na identificação de novas fontes de resistência à nematóides (Nematóide de cisto e galha na soja), além de identificar o impacto de diferentes resistências na produtividade de grãos. Para isso, estamos utilizando 300 linhagens elite do programa de melhoramento da Universidade. Todas as linhagens serão genotípicas com a plataforma Soy6K SNP Infinium Chips, onde iremos analisar diversidade genética em QTLs já identificadas, bem como fazer análises estatísticas para identificar possíveis novas QTLs associadas à resistência. Além da parte molecular, iremos analisar o impacto de diferentes resistências (individuais ou agrupadas) na produtividade de soja. Este ano, já analisamos 240 parcelas experimentais para determinar a população de cada espécie de nematoide. Os resultados preliminares já foram apresentados em diversas conferências nos Estados Unidos e Canadá.

Além da parte acadêmica do mestrado, eu sou membro do Fisher Delta Research Center Soybean Breeding Program, um programa de melhoramento de soja da Universidade de Missouri que desenvolve e libera variedades comerciais adaptadas a região sudeste dos Estados Unidos. Nosso programa publica em torno de 5 linhagens todos os anos, convencionais e com resistência à herbicidas (RR1, RR2, LibertyLink). Trabalhamos em 18 diferentes projetos que abrangem produtividade, resistência à estresse biótico e abiótico, composição de semente (teor de proteína, óleo, alto teor de ácido oleico, baixo teor de linoleico), e mercados especiais.

Como quero seguir carreira em empresa, desde o começo do mestrado procurei oportunidades para fazer programas com a Monsanto. No fim de 2017, fui aprovado para participar de um programa de mentoria entre a Universidade de Missouri e a Monsanto, onde atualmente possuo um cientista da Monsanto que me orienta em diversos assuntos. Em outubro, fui convidado para participar do 2018 Monsanto Leadership Summit, evento que me permitiu ser entrevistado para uma posição na empresa para o próximo verão (maio 2019). Fui aprovado para trabalhar com a Monsanto no próximo ano na linha de melhoramento genético de soja e milho em Saint Louis.

Quais os principais prêmios que recebeu?

Recentemente recebi dois prêmios. O primeiro deles é a Monsanto Graduate Scholarship, uma bolsa de estudos oferecida pela Monsanto no valor de $25.000 (R$100.000). Essa bolsa é altamente competitiva nos EUA e é destinada para alunos de todos os cursos de Ciência e Tecnologia. Além disso, foi a primeira vez que o departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Missouri recebeu essa bolsa. O segundo prêmio foi o Ferguson Graduate Study Award ($2500 - R$10.000) oferecido pelo departamento de ciências agrárias da Universidade de Missouri. Esse prêmio é destinado para o melhor aluno do departamento baseado em méritos acadêmicos e excelente desenvolvimento na pesquisa. Receber esse prêmio no primeiro ano do mestrado foi algo inédito no departamento.

Além dos dois principais, eu fui o recipiente de outros quatro prêmios, incluindo o MU World Food Prize Scholarship, National Science Foundation Soy2018 Award, MU Division of Plant Science – Graduate Travel Award, e Douglas D. Randall Young Scientists Development Fund Travel Award. Os prêmios recebidos no primeiro semestre de 2017 foram destacados na recém publicação do departamento (acesse o link: https://plantsciences.missouri.edu/wp-content/uploads/sites/21/2018/10/2018_SprngSmr_InsidePS.pdf?pdf=SS18_Newsletter). Muito dos créditos pelos prêmios eu atribuo à excelente formação que tive na Esalq.

Qual a sua orientação para os formandos?

Gostaria muito de passar a mensagem para os atuais alunos que, com dedicação e trabalho duro, podemos alcançar todos os nossos objetivos e ter reconhecimento tanto nacional como internacional.

 

Texto: Gabriela Martins Spolidoro | Estagiária de Jornalismo

Revisão: Alicia Nascimento Aguiar

Entrevista concedida em 31/10/2018

Palavra chave: 
Agronomia prêmios internacionais Caio Canella Vieira