Atuação profissional
Iniciei minha carreira como agrônomo no Banespa, em 1971, quando ainda era recém-formado da ESALQ. Entre 1973 e 1975 tive uma passagem pela Copersucar, em Sertãozinho (SP) e depois, durante três anos, fui gerente agrícola da Usina Cupim do Grupo Othon, em Campos, no Rio de Janeiro, lugar em que atuei na sequência, na Coperflu, por mais um ano. Em 1979 fui admitido no IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool trabalhando como pesquisador do Planalsucar (Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar), inicialmente em Campos, tendo sido transferido em 1980 para coordenar o Escritório Regional de Araçatuba, responsável pela Estação Experimental de Cana-de-açúcar de Valparaíso (SP). Com a extinção do IAA, em 1990, o PMGCA (Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar) passou a integrar a Ridesa (Rede Interuniversitária para o desenvolvimento do setor sucroenergético), sendo a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), responsável pelas pesquisas com cana no estado de São Paulo, onde passei a atuar como professor e chefe da Estação Experimental de Valparaíso, tendo me aposentado em 2011. No Escritório Regional de Araçatuba do Planalsucar e depois da UFSCar pude firmar um convênio com a recém-fundada UDOP – na época União das Destilarias do Oeste Paulista, em 1985, e juntos, trabalhamos pela qualificação profissional de mais de 100 mil pessoas. Com minha aposentadoria junto à UFSCar, em 2011, assumi a presidência executiva da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), cargo que ocupo até os dias atuais.
A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?
Há 43 anos venho me dedicando pelo desenvolvimento do setor sucroenergético, por acreditar que a bioenergia é, e será, a energia que moverá o futuro. Minha atuação neste segmento me proporcionou o prazer de conviver com inúmeros amigos e defensores da energia limpa e renovável e que hoje eu pudesse exercer a função de Presidente Executivo da UDOP. Minha função se confunde com as próprias ideias da entidade, que é o de promover a capacitação de mão-de-obra para o setor, por meio de cursos que vão desde os operacionais até a pós-graduação. Participo ainda de forma ativa do Fórum Nacional Sucroenergético, com sede em Brasília e que agrega as principais entidades e sindicatos estaduais que representam este segmento, mola propulsora do desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Na UDOP ainda trabalhamos forte a representatividade de nossas associadas e o trabalho institucional da imagem do setor, voltado à área de Comunicação, onde busquei meu Mestrado, em 2002, junto à Universidade Paulista.
Quais os principais desafios desse setor?
Talvez os principais desafios sejam a sobrevivência e o crescimento. Por mais incrível que pareça, o Brasil, que foi o precursor da energia limpa e da melhor alternativa ao combustível fóssil do mundo, ainda hoje precisa provar para o governo a importância que este setor possui em vários aspectos como por exemplo o produtor de uma energia limpa e renovável, que contribuiu e contribui de forma ímpar para a chamada autossuficiência de combustíveis; mitigou de maneira extraordinária a emissão de gases do efeito estufa, impedindo a liberação de milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, trazendo benefícios ambientais e à saúde humana; foi e é responsável pela fixação do homem no campo, com o trabalho digno nas mais de 370 usinas/destilarias que atuam neste país; é um dos maiores geradores de divisas nos municípios onde está instalado e ainda no entorno destas usinas; contribui de forma exemplar para o equilíbrio das contas externas do Brasil, por ter se tornado o maior exportador mundial de açúcar; possui um potencial inestimável para a produção de bioeletricidade, a energia limpa que pode abastecer milhões de residências e indústrias, mas que é desprezada pelo governo;
Que tipo de profissional esse mercado espera?
Todos os anos as usinas demandam por profissionais capacitados e que queiram crescer com o setor sucroenergético. Profissionais que se apaixonem pela cana-de-açúcar, esta gramínea singular que há quase cinco séculos vem sendo cultivada no país e que tanto desenvolvimento trouxe ao Brasil.
Entrevista concedida a Ana Carolina Brunelli, estagiária de Jornalismo
13/05/2016